Muito se fala sobre o registro de decisões arquitetônicas (Architecture Decision Records ou ADR, em inglês) no mundo do desenvolvimento de software, e com razão. À medida que os projetos se tornam mais complexos e dinâmicos, a necessidade de tomar decisões claras e bem documentadas sobre arquitetura de dados se torna cada vez maior. Afinal, em um ambiente em que a tecnologia evolui rapidamente e os sistemas devem se adaptar a novos requisitos e desafios, garantir que as decisões sejam tomadas com muita consideração e registradas meticulosamente é crucial.
Os ADRs oferecem uma abordagem estruturada para documentar essas decisões, promovendo transparência e clareza. Esse processo não só ajuda a preservar o raciocínio por trás das escolhas de arquitetura, como também facilita a comunicação e o alinhamento entre a equipe. Isso porque, ao manter um registro abrangente dessas decisões, os ADRs apoiam a sustentabilidade de longo prazo do projeto e tornam futuras modificações mais fáceis, permitindo que as equipes gerenciem sua arquitetura de dados de forma mais eficaz.
Mas o que exatamente é o ADR?
ADRs são documentos estruturados usados para capturar decisões significativas sobre arquitetura de dados feitas durante um projeto de software. O objetivo é criar um registro histórico de por que a equipe tomou certas decisões, garantindo que futuros membros possam entender o contexto e o raciocínio por trás delas. Isso pode ser especialmente útil para projetos de longa duração ou quando novos membros entram na equipe, pois fornece uma explicação clara do raciocínio sobre a arquitetura.
Um ADR geralmente inclui:
- A decisão: Qual decisão foi tomada sobre a arquitetura de dados.
- Contexto: Por que essa decisão era necessária.
- Opções consideradas: Outras alternativas que foram avaliadas.
- Justificativa: Por que a solução escolhida foi selecionada em detrimento das alternativas.
- Consequências: Quaisquer trade-offs ou implicações da decisão.
A metodologia por trás do ADR
A metodologia por trás do ADR é simples, mas poderosa. Ao padronizar a documentação de decisões sobre arquitetura de dados, as equipes garantem que não vão perder o conhecimento crítico com o tempo e vão poder consultá-lo facilmente. Veja como o processo geralmente funciona:
- Definir os princípios do projeto: Antes mesmo de iniciar o desenvolvimento, é essencial estabelecer os princípios que orientarão as decisões sobre arquitetura de dados. Isso porque esses princípios, como escalabilidade e segurança, servem como bússola para as escolhas e garantem que o projeto esteja alinhado com seus objetivos estratégicos.
- Identificar a necessidade de uma decisão: Quando a equipe se depara com uma situação que exige uma decisão significativa sobre arquitetura (por exemplo, escolher um framework, definir uma estratégia de implantação ou decidir sobre um esquema de banco de dados), reconhece-se a necessidade de documentar a decisão.
- Criar o ADR: Uma pessoa designada, geralmente um arquiteto ou desenvolvedor sênior, cria o ADR. Esse documento segue um formato estruturado, que normalmente inclui as seções mencionadas acima (decisão, contexto, alternativas, justificativa e consequências).
- Revisar o ADR: O ADR é compartilhado com a equipe de desenvolvimento para revisão. Esta etapa garante que todas as partes interessadas concordem com a decisão e entendam seu impacto.
- Aprovação e registro: Uma vez aprovado, o ADR se torna parte da documentação do projeto e permanece como um registro permanente, disponível para consulta futura.
Benefícios do uso de ADRs
Os ADRs oferecem várias vantagens, especialmente em ambientes de desenvolvimento ágeis e rápidos, onde as decisões sobre arquitetura de dados podem evoluir rapidamente:
- Comunicação aprimorada: Os ADRs fornecem uma maneira clara e concisa de documentar e comunicar decisões sobre arquitetura de dados para toda a equipe. Assim, evitam mal-entendidos e garantem que todos estejam na mesma página.
- Contexto histórico: Eles criam um registro histórico de por que a equipe tomou certas decisões. Isso pode ser inestimável ao revisitar partes mais antigas do sistema ou ao integrar novos membros na equipe.
- Consistência: Ao seguir um modelo padronizado, os ADRs garantem que todas as decisões importantes sejam documentadas de forma consistente, facilitando sua consulta e compreensão mais tarde.
- Revisões facilitadas: À medida que o projeto evolui, a equipe pode precisar revisar algumas decisões sobre arquitetura. Os ADRs permitem que as equipes acompanhem como as decisões mudaram ao longo do tempo e por quê.
Exemplos de ADR
Para entender melhor como ADRs funcionam na prática, considere estes cenários comuns:
No primeiro exemplo, a equipe de engenharia de dados de uma loja tomou uma decisão para implementar uma arquitetura de microsserviços para uma nova plataforma de e-commerce. O contexto exigia escalabilidade rápida e alta disponibilidade e a equipe precisaria implementar cada serviço de forma independente para evitar gargalos nos ciclos de desenvolvimento e lançamento. Assim, as opções consideradas foram uma arquitetura monolítica e uma arquitetura de microsserviços. A justificativa para a escolha dos microsserviços foi sua escalabilidade superior e flexibilidade, alinhadas às necessidades do projeto. No entanto, essa decisão trouxe maior complexidade na implantação e monitoramento, além da necessidade de uma comunicação robusta entre os serviços.
Em outro exemplo, a equipe precisava selecionar um banco de dados para um novo projeto e decidiu usar o PostgreSQL como banco de dados principal para um aplicativo web. O projeto exigia um banco de dados relacional para lidar com dados de usuários, dados transacionais e metadados. A equipe avaliou várias opções, incluindo MySQL, PostgreSQL e soluções NoSQL, como o MongoDB, mas escolheu o PostgreSQL por seu conjunto avançado de recursos, escalabilidade e forte suporte da comunidade. Embora a equipe também tenha considerado MySQL, o suporte do PostgreSQL para consultas complexas e tipos de dados JSON o tornou a escolha mais flexível. Consequentemente, a equipe teria que garantir que os desenvolvedores estivessem familiarizados com os recursos específicos do PostgreSQL e otimizassem as consultas para desempenho.
Como implementar ADRs em seu projeto
Se você está convencido de que os ADRs podem ajudar sua equipe, aqui está um processo simples para começar:
- Estabeleça um modelo: Crie um modelo de ADR padrão que inclua seções-chave, como decisão, contexto, opções e justificativa. Isso garantirá consistência em todos os registros.
- Incentive a colaboração: Faça da criação de ADRs um processo colaborativo. Incentive os membros da equipe a contribuir e garanta que as partes interessadas relevantes revisem cada decisão.
- Mantenha o controle de versão: Armazene os ADRs no controle de versão junto com seu código-fonte. Isso garante que a equipe possa acessá-los facilmente acessíveis e atualizá-los conforme necessário.
- Revise os ADRs regularmente: À medida que seu projeto evolui, agende revisões regulares dos ADRs passados. Assim, você vai poder determinar se precisa revisitar ou atualizar alguma decisão.
Conclusão
Em uma indústria onde decisões sobre arquitetura podem ter impactos de longo prazo, os ADRs fornecem uma maneira estruturada e transparente de documentar essas escolhas. Ao implementar ADRs, as equipes podem garantir que vão preservar o conhecimento importante, justificar as decisões e fazer futuras mudanças com o contexto completo em mente. Assim, se você está trabalhando em um sistema de grande escala ou em um pequeno aplicativo web, os ADRs são uma ferramenta valiosa em qualquer conjunto de ferramentas de arquitetura de software.
Então, você já ouviu falar em ADRs? Agora você sabe como funcionam e por que são essenciais para manter a arquitetura de dados do seu projeto no caminho certo!
Se você quer garantir que seu projeto siga as melhores práticas e tenha uma base arquitetônica bem fundamentada e documentada, entre em contato com nossa equipe. Estamos prontos para ajudar a estruturar seu projeto da melhor maneira possível, utilizando técnicas que promovam clareza e eficiência no desenvolvimento.